quinta-feira, 23 de julho de 2009

Fábrica.

Os dias eram quentes, e as tardes ensolaradas: Aquela antiga fábrica abandonada ocupava um grande quarteirão do lado de uma praça, na qual eu costumava ir.Retornando para casa, percebi que em um buraco escuro em uma de suas paredes haviam gatos.

Filhotes de gatos.

Eram pequenos, e cada um possuía uma cor diferente: Amarelos, brancos,pretos...todos cheios de pintas.Sabia que eles estavam alí pois faziam muito barulho, abandonados e famintos como estavam, e era raro algum deles que se aproximava de mim, tinham medo, e se escondiam naquele pequeno vão na parede.
Brinquei com um deles e logo fui embora, retornando um dia depois com alguma comida, que deixei no chão e esperei por um tempo. Percebendo que eles não iriam sair dalí para comer na minha presença, me retirei.
Dias se passavam, e os pequenos continuavam alí.Quase como um totem religioso, seguia os dias oferecendo alimento a eles.Sempre medrosos se escondiam, independente do que era oferecido, porém, obserrvando o buraco eu sabia quantos alí estavam, quais eram as suas cores, e que ás vezes brincavam entre si.Houve momento que decidi dar nomes a eles, imaginar quais seriam suas preferências, e como estavam felizes, mesmo com medo e mesmo naquele escuro canto da fábrica.
Algumas semanas após encontrá-los estava indo em direção á fábrica, com algum alimento.Me deparei com o corpo inerte de um deles na calçada, enquanto todos os outros começavam a apodrecer dentro do buraco.
Me sentei na calçada, deixei os pequenos pratos cair no chão, e esperei.
Acho que até hoje espero por algo.

Nenhum comentário: