O viajante A. preecisava atravessar uma avenida.Esperava ha tempos aquele dia... havia viajado muito, e quando há uma distância tão grande de casa, muitas vezes não há como voltar.O dia era nublado, e o tráfego constante poluía a imagem que A. sempre teve daquele momento da sua vida - Afinal, o futuro sempre é mais belo do que se imagina.
O dia estava acabando, e a noite se aproximava. O dia que foi inteiro nublado se transformava em noite nublada,e o tráfego continuava constante. A. esperava ali havia tempos,e em nenhum momento pode atravessar.Tentou duas vezes, mas os carros pasavam tão rapido, eram tantos, que não pode dar mais do que tres passos antes de voltar tropeçando para a margem da larga avenida.
"Por que isso logo no final?" indagava-se A.: Havia viajado tanto, gasto todas as suas pequenas economias para chegar nesse momento crucial, e descobrir que atravessá-la era algo praticamente impossivel.Não possuia dinheiro para ir pela passarela, e mesmo se tivesse não iria conseguir chegar até lá, teria que voltar.
"Tudo agora é uma grande questão de esperar", pensava... Mas em nenhum instante alguem parou para o ajudar.Em um certo momento viu um vulto á distancia tentar atravessar a avenida, porém não soube se havia chegado ao final. Aquilo o assustava cada vez mais, porém o que poderia fazer? Voltar seria uma opção já descartada. Não poderia voltar. Nunca pensou em voltar. Ninguem volta em uma situação dessa. E se imaginava do outro lado da avenida, como em sonhos tão bons que deviam ser verdade muitas vezes. Criou coragem,e em um salto correu para a outra margem morreu esmagado por um carro.
(Escrito em uma noite fria ao som de Schoenberg.)
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
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