Estava a família reunida na mesa, enquanto a Empregada sutilmente chegou com pratos e talheres diversos: Colocou-os á mesa, e aguardou alguma ordem.Estava cansada, pois havia acordado muito cedo, e ainda não havia almoçado, pois não tivera tempo.
Os pratos e talheres já estavam na mão do Pai, que observava como o Filho se servia. A Mãe aparentemente não estava com fome no momento, pois observava a televisão e seu noticiário com mais atenção do que o alimento. Em certo momento o Pai acendeu um charuto, ainda observando o filho comer. A Mãe ainda observava a distante televisão, porém agora já estava começando a se servir. Após algum tempo para ambos, Mãe e Filho comer ao mesmo tempo. A Empregada observava toda a cena com uma atenção especial, pois aquele prato era de difícil preparo, e não havia tido tempo de verificar se estava bom ou não.O Pai se levantou da cadeira, retirou um açoite do paletó e, após jogar a Empregada em um dos cantos da sala de jantar, a bateu com força. Não entendendo o que acontecia, a Empregada apenas teve tempo de proteger os olhos, pois recebia mais golpes, cada vez mais fortes.Aparentemente o Filho e a Mãe ignoravam a cena, pois continuavam a comer.
Não demorou para, dentro de sua própria cólera, o Pai começar a desferir chutes e socos. Parou, observou a parede que agora estava ensanguentada, deixando a Empregada no chão.Retornou para a sua cadeira, acendeu um charuto e começou a se servir.
Só agora poderia começar a comer.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
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3 comentários:
Daqueles textos que fazem nascer uma angustia e uma necessidade de transformar alguma coisa, só não se sabe o que.
Engraçado como existe uma beleza estranha numa cena desse tipo. A violência quando recortada de seu contexto cotidiano se torna sublime. Gostei muito desse texto.
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